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Mundos em colisão: começa a caça do assassino no sistema binário BD+20 307


Em setembro de 2008, o Observatório de Rayos-X Chandra anunciou que havia observado algo muito estranho em BD+20 307. O sistema binário parecia ter um disco de pó ao redor do mesmo, indicando que aparentement tratava-se de um sistema de formação planetária jovem com apenas uma fração da idade do Sistema Solar. Não obstante, é bem sabido agora que essas binárias possuem, na realidade, alguns bilhões de anos de idade. Concluíram então que o disco havia sido criado por um evento planetário muito raro: uma colisão planetária cataclísmica.
Recentemente, na conferência da AAS em Long Beach, assisti à sessão de “Planetas Extrasolares” para ouvir mais resultados sobre as apaixonantes descobertas de exoplanetas do telescópio espacial Hubble em novembro. Não obstante, para mim, a palestra mais cativante foi sobre a estranha, velha e suja binária
BD+20 307 e o futuro trabalho de detetive que se levará a cabo para rastrear o assassino planetário…
A palestra dos astrofísicos que trabalham com dados ópticos do
telescópio espacial Hubble foi extraordinária, mostrando um pouco sobre a ciência por trás dos últimos anos de observações diretas de exoplanetas, particularmente o massivo planeta que orbita a estrela Fomalhaut, que está formatando um esparso disco de pó. Fora isso eu não tenho mais notícias a informar, além de alguns interessantes modelos numéricos que os cientistas usaram para caracterizar Fomalhaut b e uma palestra muito interessante sobre o tempo de vida previsto para exoplanetas que sofrem as forças de maré (da qual, por desgraça, não assisti os primeiros cinco minutos ao me perder no Centro de Convenções de Long Beach).
A apresentação que captou meu interesse foi uma revisão de
Ben Zuckerman sobre o progresso realizado na pesquisa da binária BD+20 307. Há alguns meses, esta investigação causou um grande interesse dado que proporcionava a primeira evidência de uma enorme colisão planetária rochosa em um sistema estelar, há 300 anos luz de distância. Naturalmente, muitas fontes se apressaram a sacar artigos com títulos como: É assim que se pareceria o Sistema Solar se a Terra fosse impactada por outro corpo planetário? Como apontou Zuckerman, o fato do grupo ter usado uma concepção artística de um corpo similar a Terra colidindo com outro planeta (inclusive com continentes e oceanos como se vê na imagem acima) não foi um incidente. O planeta de BD+20 307 que virou pó certamente teria uma idade na qual já se poderiam ter-se formado oceanos e até haver vingado a vida – tal como Zuckerman conjeturou morbidamente. Não existe mais…
Normalmente quando observamos pó ao redor de uma estrela, podemos supor que é um sistema estelar de formação planetária bastante jovem. O inverso, tal e como descobri em grande profundidade nessa conferência, os velhos sistemas de anãs brancas podem revelar muito
sobre sua população planetária original quando se estudam seus discos de poeira. Não obstante, o pó que compõe o sistema BD+20 307 é um mistério. Os astrônomos haviam descoberto um sistema, de idade comparável ao nosso com uma grande quantidade de pó aquecido (Temperatura ≈ 500K). A poeira cósmica em sistema de tal idade teria que ter sido expulsa há muito (através da pressão do vento solar) ou já ter sido absorvida nas etapas de formação planetária. Portanto, a única explicação que restou é que um corpo rochoso colidiu com outro, expulsando uma enorme quantidade de partículas de pó de tamanho microscópico.
Então, É assim que o Sistema Solar irá parecer-se se a Terra fosse golpeada por outro planeta? Possivelmente.
Zuckerman, em seguida, descreveu uma parte do trabalho que está se realizando para compreender como pode ter acontecido, em primeiro lugar, a tal colisão planetária. Além disso,
os planetas do nosso Sistema Solar se estabeleceram em órbitas estáveis de longo prazo, qualquer planeta em BD+20 307 terá as mesmas qualidades. Existem algumas questões sobre se as estrelas binárias poderiam ter contribuído para desestabilizar o sistema, mas Zuckerman rapidamente argumentou contra esta idéia uma vez que as binárias têm uma órbita muito agrupada (com um período orbital de somente 3,5 dias), o planeta destruído teria encontrado uma órbita estável longe de qualquer variação gravitacional.
Então, o que poderia ter provocado essa carnificina em BD+20 307? Sabemos que os corpos planetários massivos exercem uma enorme força gravitacional sobre sua estrela mãe e outros planetas em um sistema (como
Júpiter no caso do nosso sistema Solar), ocasionalmente os intimidam (e às vezes os capturam) em seu caminho. Um pequeno golpe na direção equivocada e os planetas poderiam ser ejetados de suas órbitas, e ser colocados em um curso de colisão. Por hora, está se fazendo um grande esforço para buscar a terceira e tênue estrela em BD+20 307. Talvez essa estrela possa estar orbitando bem longe do par binário dançante e ter passado ocasionalmente pelos corpos planetários, configurando o enorme evento de colisão.
Isto certamente parece razoável, considerando que 70% dos
sistemas estelares binários já encontrados até hoje possuem uma terceira estrela. Não obstante, a equipe de Zuckerman ainda terá que encontrar a tal terceira estrela “assassina”. Ele parece estar confiante que após uma análise cuidadosa não existe nenhum outro corpo estelar em um raio de 20 UA de distância do par binário. A seguir então eles vão tentar detectar um possível “tremor” no centro de massa da binária BD+20 307, para ver se há alguma anomalia gravitacional quando a misteriosa “terceira estrela” agita o par binário central do sistema BD+20 307.

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